Vila Franca do Campo - Roteiro de S. Telmo

No Domingo de Pascoela, tem lugar a festa de S. Pedro Gonçalves, promovida pela sua Irmandade, e com o contributo das embarcações que todo o ano descontam 2% da sua receita na lota, em Vila Franca do Campo, popularmente chamada de festa do Irró, em alusão ao grito dos homens do mar a puxarem os seus barcos para terra, para serem devidamente ornamentados em homenagem ao Santinho. Os barcos engalanados, por vezes recriando cenas da faina ou dos milagres, no mar, de S. Pedro Gonçalves, vêm para a rua que liga o Cais da Vila à Ermida da festa.

 

 

VILA FRANCA DO CAMPO

Irró, ó meu Santo Irró !

No Domingo de Pascoela, tem lugar a festa de S. Pedro Gonçalves, promovida pela sua Irmandade, e com o contributo das embarcações que todo o ano descontam 2% da sua receita na lota, em Vila Franca do Campo, popularmente chamada de festa do Irró, em alusão ao grito dos homens do mar a puxarem os seus barcos para terra, para serem devidamente ornamentados em homenagem ao Santinho. Os barcos engalanados, por vezes recriando cenas da faina ou dos milagres, no mar, de S. Pedro Gonçalves, vêm para a rua que liga o Cais da Vila à Ermida da festa.
Domingo, sai à rua a procissão, pelas três da tarde, entrando na Igreja Matriz de São Miguel para a missa de festa, com coroações do Divino Espírito Santo, prosseguindo, por entre magníficos tapetes, de regresso à hoje também sua Ermida, que, santamente, divide com Santa Catarina, sua titular, desde que a sua centenária capelinha, junto à praia do Corpo Santo, a que deu o nome, foi ao chão, no início do séc. XX, com o peso dos tempos e o desmazelo dos homens.
A sua antiga Ermida própria, com púlpito, sineira e coro, havia sido erigida logo após o terramoto de 1522, tendo Capelão e Confraria desde essa data.
Antigamente a festa era na segunda-feira de Pascoela, antecedida no Domingo pela Coroação dos Homens do Mar. Hoje ambas as festas são no Domingo, no mesmo cortejo Processional.
Acabadas as devoções, a festa dos pescadores faz-se à mesa, outrora em casa de cada mestre de campanha, sendo a tarde para ruidosos e festivos passeios pela Vila cantando o tradicional: “Eu sou marinheiro, eu sou”. Hoje ainda resta almoço convívio entre os pescadores e autoridades convidadas, a lembrar esses genuínos tempos.
Em Vila Franca há três imagens de S. Pedro Gonçalves: a da Festa, que está na Ermida de Santa Catarina; a que acompanha a corporativa e real Procissão de São Miguel, mais antiga e num barquinho, e uma também bonita imagem que está na Igreja de santo André, panteão da Família Botelho de Gusmão.
Na ilha de São Miguel há registo de várias outras festas e devoções.
Na Lagoa, foi há poucos anos restaurada a sua festa no Porto dos Carneiros, estando a sua imagem na Igreja do Rosário, na capela-mor.
Em Água de Pau, no lugar da Caloura, há procissão. Há poucos anos foi erigida uma ermida em sua honra. Uma outra imagem, com o seu barco, integra também a Procissão de Nossa Senhora dos Anjos, velha procissão real, da sua Matriz.
Em Ponta Delgada, a sua Ermida estava junto ao Cais da Sardinha e, quando demolida, a sua imagem e festa passaram para a Igreja da Graça em Ponta Delgada.
Em Rabo de Peixe há procissão no VI Domingo após a Páscoa.
Na devoção ao santo dominicano, lembrando tantas horas de aflição em alto mar, aqui se regista o seu Hino vila-franquense cuja letra fizemos para a sua festa e que é cantado na nossa Matriz de São Miguel:

Com velas de esperança,
Ao Porto da Glória
A navegar
E nas tempestades
O cais da vida
Conduz os homens
Buscamos sem cessar
São Pedro Gonçalves. (2)

 

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