A Casa do Corpo Santo/Museu do Barroco, tal como o nome indica, funciona como espaço museológico. Atualmente tem patente ao público uma exposição permanente de arte sacra barroca, com espólio da coleção do Museu de Setúbal7Convento de Jesus e, ainda, uma importante coleção de instrumentos de precisão e ciência náutica. A designação Casa do Corpo Santo provém do nome pela qual era conhecida a Confraria dos Navegantes, Armadores e Pescadores da Vila de Setúbal, cuja origem remonta ao séc. XIV, e que, mais tarde, se viriam a instalar neste edifício datado de 1714. Enquanto santo protetor desta confraria de marinheiros, S. Telmo, encontra-se representado quer na decoração do próprio edifício, quer em várias pinturas e esculturas da época.
A Confraria do Corpo Santo remonta ao séc. XIV, com compromisso datado de 1340. Era uma confraria e corporação profissional de pescadores, navegantes e mareantes. O compromisso permite saber, entre outros aspetos, que a confraria se encarregava do provimento às viúvas e da dotação às órfãs, dos confrades. Entretanto no séc. XV e com a ajuda do rei D. João I, estabeleceu uma casa de beneficência sob o nome de Hospital do Corpo Santo e que mais tarde se viria a chamar Hospital de Nossa Senhora Anunciada. Diversas instituições se dedicaram em Setúbal ao tratamento de doentes entre as quais a Casa ou Corporação dos Marítimos e da Construção Naval, chamada de Corpo Santo, fundada em 1274 e que daria origem mais tarde (1340) à Confraria do Corpo Santo. Esta Confraria, que teve inicialmente a sua sede na Igreja de Santa Maria da Graça, estabeleceu-se, no séc. XVIII numa parte do palácio pertencente à família Cabedo tendo-se-lhe, então, juntado uma outra Corporação, a Casa de Santo Estevão dos pescadores dos cercos, até aí instalada na Igreja de São Julião. Os navegantes seguiam a devoção do Corpo Santo e os pescadores, a de Santo Estevão.
Certa é a importância que a confraria adquiriu na vila, mais tarde cidade, de Setúbal. Isso é demonstrado pelo envolvimento nas questões locais, como a oposição ao aboletamento (aquartelamento dos soldados em casas de particulares) durante o domínio castelhano, e pelo contributo financeiro ou cedência de mão-de-obra conforme as necessidades que se faziam sentir, como foi o caso da participação na Guerra da Restauração, da reparação das fortificações de Setúbal em 1723, do provimento de marinheiros para o Estado da India, do transporte de trigo para a praça de Mazagão. Como contrapartida, a confraria recebeu diversos privilégios reais, nomeadamente a isenção de cargos públicos (de 1444), ter representação no senado da câmara (pela participação na Guerra de Restauração, séc. XVII), entre outros.
Em 1714 (conforme indicado pela data sobre o lintel do portão do pátio) a confraria instalou-se no edifício da Casa do Corpo Santo, constituído por algumas salas cedidas do Palácio da Família Cabedo.
No teto da capela há um fresco (pintura de italianos do séc. XVIII) onde num painel se representa o Santo, ajoelhado, em atitude implorativa, enquanto ao fundo muitos peões e cavaleiros se precipitam ao combate (referência ao cerco de Sevilha feito por D. Fernando).
Noutro painel, o Santo em atitude ingénua, sobre as ondas, a dar a mão a um náufrago, caído de cima da nau, que se vê balouçando à distância num mar encapelado.
Há um outro quadro, um trabalho português, um óleo sobre tela do séc. XVIII que representa uma nau a lutar com a tormenta. Dois náufragos invocam aflitivamente o Santo, e este desce do alto e já se aproxima dos infelizes, com o círio aceso na mão direita.
Existe ainda uma outra pintura, a óleo sobre cobre, do séc. XVII que se encontra na Casa do Corpo Santo, representando S. Telmo.
Nota – Informações e fotos gentilmente compiladas e cedidas por diversos departamentos culturais da Câmara Municipal de Setúbal.